domingo, 21 de fevereiro de 2010

O ósculo de Zephirus


Pousada ao Léu, num monte, ao alto,
Ensaiando lentamente da persona o ato
O clarão da luz ofuscando o tento
Suaves cores turvando o pensamento
Eis que cruel como tufão, delicado como um lírio
Caminhando pelos céus,montado em nuvem alta
Zephirus, corria galopante, tocando sua flauta
E o encanto de criança em meu âmago fez morada
Riu, rolou em graça pueril, lançou-me seu açoite
Invadiu-me em intempéries, e meu dia se fez noite
Embalde cruzei os braços, encolhi-me, a fronte escondi
Sopro arrebatou-me , caí, morri!
E, num sorriso lasso, os olhos semicerrei
Com o vento em polvorosa nos poros adentrando
Girando dentre a pele movimentos circundando
Ritmo esférico e vermelho , pequenos cometas rubros se esvaem
Sua flauta a tocar melodia insana, pairando no ar avança, e gotas caem
Enquanto ele em piruetas, gracejos efusivos com meu corpo dança
Olhar cruel e riso zombeteiro
E o vento a beijar aquele corpo trigueiro.

Poemas Antigos: Anima Mea non Requiescat


Adentrando os portões negros espectrais,
Escuros passeios tingidos de lodo sepulcral
Cimento e cal, feições celestiais!
Move se o teto de tumba inerte,
Entrelaçam se em seu abrigo
Nós, viscosos e rítmicos
Borbulhamos em mil quimeras , e a tristeza arranca
Da caixa craniana a tampa
Ossos dançando rolam na campa
Palidez tão necessária a mais tentadora que vi!
Meu veneno neste rubor, meus tentáculos em ti!
Desmedido furor, fantasia decrépita
Carcaça ousada, aventura-se intrépida!

Inunda te de fulgor a fronte
Que os meus dedos inflamam
Estuar-lhe em frêmito
Queima ardente chama

No atro entrelaçar de tais correntes,
Teias infinitas
Enroscam-se tal artérias numa dança convulsiva
Jugular podre e pulsante,
Minha bulimia incisiva!
Contorcendo se em gritante apelo,
Fazer-te das veias novelo
Polegar em tua boca
Caninos em teu tornozelo

Tal pétala, tal dorso de espinhos,
Vultos misturando-se na vala, carne terra e vinho.
Olhos pios olhos exangues,
TORPOR DA ALMA, EXTASE DO SANGUE!!!!!!

Poemas Antigos: Ktulhu e Eu


Ouvis?
Os rugidos intermitentes das vagas que borrifam...impacto agressivo dos lamentos que se amontoam contínuos,
Intensamente em meu pensamento
Ouvis?
Lamúrias acorrentadas do passado
Luto dos amores perdidos amaldiçôo a fortuna, suporto o fado!
Respiro os ares de turva lembrança, aroma de amor singelo, feições doces,
Correntes, correntes! Vosso semblante atrelado!
Ouvis...Mar negro em meus pés arrebenta, torrentes úmidas
Ouvis?
O sopro, o vento, clarão intenso do astro passional..
Ossos meus, carnes convictas minhas jazem na areia do esquecimento!
Ouço! Sim!Me sopra o vento!
Ktulhu, em claro tom diz.
Questiono às vagas, ao vento, que importa?
O que queres, o que me ofereces aos desolados olhos, perscruto as sombras, a água, tento!
Responde-me: “um curioso intento”,
Voz, doce, veludo, calma
Água, respingos, lacrimejam em minha alma!
Ele, fala de vasto oceano, ele profere, fala em calma!
Digo lhe: Mas minha alma em ânsia fenece, queres uma súplica,
Os gritos de meu âmago feitos em prece?
Disse me, em tão profunda serenidade...
Tu que tens esses olhos de deidade,
Tu, esses lábios rubros em vinho
De ânsia entristece??
Se te apiedas, não vos adimiro
É obvio que o spleen, com efeito, ministrou seu labor
Queimou me os dedos, plantou em mim armadilhas,
Coroou-me com a dor!
Pede me, que vos acolho – disse-me ele.
So um clamor, so um desejo,
Vossa melancolia irá dissipar-se quando
Minha força sorver-te um beijo
Digo-te que meu peito fenece como ressecadas folhas
E que o vácuo em minha essência apunhala-me
O universo em si fecha-se, meu olhos não vêem escolhas.
Então, disse me ele, em ti irei me despojar
Caminhando satisfeito, tomarei-te minha
Abre teus olhos, fita o mar!
Vejo te!!
Vejo te!
Não mais ouço, mas vejo-te!
Vossos cabelos longos, de ouro!
Mas nas pontas destes cachos,
Das algas o verde!
Sim, este mesmo nos vossos olhos
Encontro ao ver te!
Então chega a mim,
Com o clarão da tempestade, o pavor o delírio
Mas sim! A volúpia e o êxtase
De uma besta os dentes
O prazer de um martírio!!!

Poemas Antigos: Lamentações de um Prometeu




Caminhei pela colina enegrecida
Senti o Bóreas soprando no coração que finda
Nas entranhas o frio, o quedo, o horror que mina

Elevei me nas encostas fúnebres
Pés deslizando na lama podre em demasia,
Sorrindo, a fitar as figuras lúgubres,
Em devaneios, em sua introspecção doentia,
Nas alcovas flutuantes de divãs de veludo
Estáticos no escapar do ultimo suspiro de luz
Nos corredores obscuros no fim do dia.

O luto em seus olhos seus trajes, seus mantos,
Anjos de lamúria, carpideiras de um negro pranto,

Triunfante suportando este penar,
No cume desta subida impura,
Observo tal ser, presença sinistra,
A face da treva pura.

Aqui, edifico minha eterna morada,
Chorar sobre este punhal, afeto intruso,
Cravo em mim esta força atordoada!
Prisioneira que sou desta treva amada,
Peço te abutre, meu algoz!
Retorna, Sinistro Eu!

Em tua pedra encontro me acorrentada,
Em tua carne encontro-me rendida,

MINHAS VÍSCERAS POR UM BEIJO TEU!!

Poemas Antigos: Submissão


Lasciva que sou,
Lascivo que és,
Das virtudes desfeita, em meus delírios sorvendo sangue de vossos pés!
Serva perversa em desespero impassível
O lamento em meus lábios,
Amaldiçôo, pobre de mim, minha sorte, meu revés,

Apesar da laje que te cobre, ainda posso ver-te
Do solo fétido, da nevoa de vermes e do gramado verde,
O riso de escárnio breve, gentil verdugo,
Estás na podridão e eu embriagada, sob o teu jugo!
Até o mais vil humano se apiedaria,
Os olhos a revirar no êxtase dos lábios teus!
Meus lábios a venerar da tez de Mármore a glória
Teu aroma em minha carne, teus olhos doces na memória!
Das profundezas meu sangue clama
Meu verdugo, Impiedoso,
Teu olhar malévolo, capuz infame,
O machado sanguinário
Imploro te, sê o meu sudário!

Retorna! Eis o clamor que regurgito!
Atravessa o cal, quebra o mármore
Irrompe do tumulo, maldito!

Poemas Antigos : Envoltos em Thanatos, os últimos suspiros...


Saudações e beijos doces da noite fria
A alcova negra a fronte sombria
Em meus olhos só a vermelhidão
A doce angustia abaixo do chao

Meu amado meus sonhos funestos por ti clamam
em vias de marmore negro e vitrais
por tras das grades retorcidas e dos umbrais
Meu amor meu coração e minha angústia chamam

Teu nome imploram a ansiedade emana
Teus pelos torpes de lobo bravio
Buscarão minhas visceras horas a fio
Fincarão em meu peito paixão e melancolia branda!